Morreu, aos 90 anos, Jean Vanier, o fundador d’ A Arca, uma comunidade residencial que junta voluntários e pessoas com deficiência, e do movimento ‘Fé e Luz’, que procura integrar pessoas com deficiência e os seus amigos nas comunidades eclesiais, estando presente em 82 países, incluindo Portugal. A partir da Bulgária, o Papa Francisco fez saber que rezava por ele e por toda a comunidade da instituição fundada em 1964.
Natural de Genebra, Suíça, e ex-oficial da Marinha canadiana, Vanier foi membro do Conselho Pontifício para os Leigos, do Vaticano, e recebeu, em 2015, o prémio Templeton, um dos mais prestigiados reconhecimentos mundiais atribuídos a personalidades do mundo religioso.
Segundo Jean Vanier, a «finalidade d’A Arca é fazer aproximar as pessoas que de facto, no plano humano, se encontram nos antípodas. As pessoas que se comprometem n’A Arca vêm de diversos contextos profissionais, têm formações diferentes, e vivem juntamente com pessoas com deficiência, e todas são assim transformadas, tornam-se mais humanas. O perigo inerente ao nosso mundo é que não haja encontro com o outro diferente, que é julgado, criticado».
Um das obras de Jean Vanier foi publicada em Portugal, pela Editorial AO: Jesus Vulnerável, um livro sobre a fragilidade que todos levamos no mais íntimo de nós mesmos. Fragilidade que Jesus assumiu plenamente, fazendo-Se humano como nós. Fragilidade que o Autor descobre em si, vivendo há mais de cinquenta anos numa comunidade que acolhe pessoas com deficiências físicas e mentais, naturalmente frágeis e vulneráveis e, por isso, profundamente humanas. A incarnação, o lava-pés, a paixão, a ressurreição de Jesus constituem referências fundamentais para entender a fragilidade, a vulnerabilidade d’Ele e nossa, acolhendo amorosamente os que caminham connosco, tão frágeis e vulneráveis como nós.