O Papa Francisco lamenta a “devastação” provocada pela passagem do ciclone Idai em Moçambique, Malawi e Zimbabué, que já provocou mais de 300 mortos, segundo balanços provisórios divulgados pelos respetivos governos.
“Nestes dias, grandes inundações semearam luto e devastação em diversas regiões de Moçambique, Zimbabué e Malawi. Manifesto a estas populações a minha dor e a minha proximidade”, disse o Santo Padre, no final da audiência pública semanal, que decorreu hoje, na Praça de São Pedro, no Vaticano.
Com ventos a rondar os 170 quilómetros por hora, o ciclone Idai atingiu a cidade da Beira (centro de Moçambique) na quinta-feira à noite, deixando mortos, desaparecidos e desalojados, além de elevados danos materiais.
A província de Sofala foi a mais atingida, sofreu estragos em 90% dos seus edifícios e infraestruturas. Com cerca de meio milhão de habitantes, a Beira é a segunda maior cidade de Moçambique. Os acessos por terra estão muito complicados porque a Estrada Nacional 6 (EN6), a principal da região centro do país, ficou cortada devido à subida das águas do rio Haluma.
Segundo a Cruz Vermelha Internacional, pelo menos 400 mil pessoas ficaram desalojadas no centro de Moçambique. O Programa Mundial da Alimentação (PMA), agência que coordena a resposta humanitária da ONU em Moçambique, pediu, para já, 35 milhões de euros para ajuda imediata às vítimas.
Com a subida da água dos rios da região, as equipas de resgate lutam contra o tempo para tentar salvar pessoas que fugiram para os telhados de casas e se abrigaram em árvores. Uma das situações mais dramáticas vive-se na aldeia de Búzi, na província de Sofala, que pode estar a 24 horas de ficar completamente submersa. Nesta aldeia vivem, de acordo com a organização Save The Children, pelo menos 2 mil 500 crianças e a população aguarda pelo resgate no topo dos telhados dos edifícios.
Os estragos provocados pelo ciclone “Idai” em Moçambique ainda não foram contabilizados, mas preveem-se avultados e a recuperação poderá demorar vários anos. Há casas de habitação e edifícios públicos, como escolas e hospitais danificados, estradas arrasadas, colheitas e negócios destruídos, rede de abastecimento de água, energia e telecomunicações comprometidas.
Tragédia (também) no Zimbabué e Malawi
No Zimbabué, as autoridades contabilizaram até esta terça-feira pelo menos 100 mortos, cerca de mil e 600 casas destruídas e oito mil pessoas afetadas no distrito de Chimanimani, em Manicaland.
No Malawi, as únicas estimativas conhecidas apontam para pelo menos 56 mortos e 577 feridos, com mais de 920 mil pessoas afetadas nos 14 distritos atingidos pelo ciclone, incluindo 460 mil crianças.
A Igreja Católica, através das paróquias, Cáritas e outras organizações, está a “ativar um plano de emergência para fazer face as necessidades mais urgentes”. As pessoas que pretendem ajudar nesta causa humanitária podem informar-se, de imediato, junto da Cáritas Portuguesa e da Fundação Gonçalo da Silveira.
Texto: Redação | Ecclesia | Renascença
Foto: Lusa