No ano jubilar da esperança que o Papa Francisco começou e que terminará no próximo dia 6 de janeiro, este Advento vem mais a propósito, pois convida-nos, nesta reta final, a esperar, a caminhar na esperança, a aguardar com renovada esperança o nascimento, a vinda do Deus Menino. Daí que nos devemos propor a viver o Advento com um contínuo grito de esperança, uma prece íntima de coração, sempre renovada, dita com fé e entusiasmo. Ele vem em cada Natal, de um modo espiritual sempre novo, para nos fazer renascer, ter uma vida renovada, amá-lo mais e melhor, acolhê-lo no coração, tornarmo-nos, junto do presépio, homens e mulheres mais cristãos, mais evangélicos, mais pobres e humildes, dispostos a amar mais e a servir melhor. Natal é esperança de contínuo renascimento.
O mundo de hoje, com tantas guerras, tantos crimes, tanta violência, tanto ódio e, por outro lado, com milhões de pessoas a morrer à fome, sem casa, sem escola, sem meios para cuidar da saúde, sem fé em Deus, sem amor, precisa de se renovar com o nascimento do Deus Menino. Numa sociedade com tantas injustiças, com milhões de pessoas sem emprego, com tantas burlas e roubos, com tantos atentados à dignidade humana, com famílias em contínua violência, sem diálogo e sem carinho, precisamos de renovado nascimento do Deus que é amor, que nos vem amar, que nos quer ensinar a amar, a viver na paz e na verdade, na justiça e no respeito mútuo. Daí o nosso contínuo grito de esperança: “Vem, Senhor Jesus”.
“Vem, ó Príncipe da paz”, precisamos de ti para estabeleceres paz nos corações, nas famílias, nas paróquias, nos presbitérios, nas estruturas da sociedade, nos grupos cristãos, nas decisões dos governos… Vem, Jesus, dá-nos a tua paz.
“Vem, ó Luz do mundo”, pois caminhamos nas trevas do erro, da mentira, da falsidade, do engano, no pecado de não amar e de não respeitar a vida humana, na veneração de ídolos que nos fazem estar presos por paixões e decisões desordenadas… Vem, Jesus, Luz do mundo.
“Vem, ó Libertador”, pois caminhamos como escravos do dinheiro, do poder, das vaidades, do snobismo, do álcool, da depravação moral, do orgulho déspota, da crítica maldosa, destrutiva, venenosa… Vem, Jesus, nosso Libertador.
E podemos continuar os nossos clamores, os nossos gritos de esperança, no desejo ardente de que Ele venha neste Natal e lhe possamos abrir o coração e a vida. “Vem, ó Deus amor”, “Vem, ó Bom Samaritano”, “Vem, ó fonte da vida e do amor”, “Vem, ó Deus Menino” fazer festa connosco e curar os nossos corações.
Caminhemos para Belém, preparando o coração para o acolher, pedindo a graça de o descobrir, desejando adorá-lo como Messias Senhor. Caminhemos para Belém com o desejo de aprender com Ele a sermos mais humildes e mais pobres, para não nos escandalizarmos com a gruta, o curral, a manjedoura. Vamos a Belém para que Ele nos ensine a viver como irmãos, a viver a fraternidade a todos os níveis, a criar estruturas de unidade, nascida do amor mútuo. Caminhemos para Belém desejando mais paz e construindo-a em nós e à nossa volta.
Que ao longo do Advento não cesse a nossa oração com gritos de esperança. Nós e o mundo precisamos do Deus Menino.
Dário Pedroso, sj





