No próximo domingo, 23 de novembro, assinala-se o centenário da instituição da Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, criada pelo Papa Pio XI a 11 de dezembro de 1925 através da Carta Encíclica Quas Primas. Num contexto mundial marcado por tensões políticas, conflitos e crescente secularização, Pio XI instituiu esta festa para recordar que a verdadeira paz e renovação da sociedade começam no reconhecimento do reinado espiritual de Cristo.
“A paz de Cristo no reino de Cristo”
Na carta encíclica que está na origem da celebração, Pio XI identificava como causa de muitos males sociais o afastamento dos povos em relação ao Evangelho. Por isso, propunha um caminho claro: procurar “a paz de Cristo no reino de Cristo”, convidando não apenas os crentes, mas também os responsáveis civis e as nações a reencontrar em Cristo o fundamento da justiça, da verdade e da verdadeira liberdade.
O Papa sublinhava que o reinado de Cristo é sobretudo espiritual: manifesta-se na verdade acolhida pela inteligência, na obediência amorosa da vontade e na caridade vivida no quotidiano. É um reinado que não se impõe pela força, mas que transforma as consciências.
Da história à liturgia
A festa, inicialmente celebrada no último domingo de outubro, foi colocada, após o Concílio Vaticano II, no último domingo do Ano Litúrgico, como coroamento de todo o percurso anual da vida e missão de Cristo.
Pio XI recordava, em Quas Primas, que Cristo tem um senhorio pleno sobre a humanidade, não só por ser Deus, mas, também, “por direito de conquista”, fruto da sua entrega na Cruz e da Redenção, que resgatou a humanidade para a vida nova.
Um centenário com atualidade
Cem anos depois, a mensagem desta solenidade mantém-se profundamente atual. Num tempo de novos conflitos, fragmentações e perda de referenciais, a proposta de Pio XI ecoa com renovada força: acolher o reinado espiritual de Cristo é caminho de reconciliação, de fraternidade e de paz duradoura.
O centenário, celebrado a 23 de novembro, convida a redescobrir o sentido desta solenidade como apelo a colocar Cristo no centro da vida pessoal, comunitária e social – e a deixar que o seu “reino de verdade e de vida, de santidade e de graça, de justiça, de amor e de paz” ilumine a história presente.





