“Amar a Deus em todas as coisas, e todas as coisas n’Ele” (Santo Inácio de Loiola). Para vos falar da minha experiência de oração, quero partir de expressões que ouço dizer: “Vou à capela para rezar e para me encontrar com Deus”. As pessoas dizem também: “Vou ao Santíssimo Sacramento para estar com Deus”. Outros dizem: “Não posso rezar porque não tenho uma igreja perto”. Alguns podem mesmo dizer: “estão longe de Deus”.
É claro que a capela é um lugar ótimo para rezar e na adoração ao Santíssimo Sacramento estamos diante do próprio Jesus. Mas é importante não esquecer as experiências que os santos nos transmitiram sobre a sua busca de Deus e as formas de o encontrar.
Santo Inácio de Loiola diz-nos na Contemplação para alcançar o amor dos Exercícios Espirituais: “Deus habita nas criaturas (…); habita em mim, fazendo de mim um templo, pois fui criado à semelhança e à imagem da sua divina majestade” (EE 235).
Se levarmos a sério estas palavras de Santo Inácio – e o que São Paulo afirma na carta aos Coríntios (1 Cor 3, 17; 6, 19 e 2 Cor 6, 16) – que somos templo do Espírito Santo, deduzimos que cada um de nós é templo de Deus, e que o nosso interior é um “santuário” onde o próprio Deus habita, “fazendo de mim o seu templo”.
Como podemos ajudar as pessoas que dizem que não podem rezar porque não têm uma capela por perto, ou que não têm tempo para rezar porque estão demasiado ocupadas? Lembrando-lhes que Deus mora dentro delas e que, portanto, o exercício espiritual de entrar em contacto com a nossa interioridade, connosco próprios, reconhecendo o que se passa dentro de nós, o que se move dentro de nós em tudo o que vivemos, através de uma releitura espiritual, é o primeiro passo para nos “tornarmos” mulheres e homens orantes. Homens e mulheres de oração que, ao entrarem em sintonia com a sua interioridade, entram em sintonia com o próprio Deus.
Carlos Canillas sj (Jesuítas do Paraguai)
