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No tempo oportuno…mas quando?

Deus é contracorrente: Ele fala-nos de paciência, quando o mundo nos fala do instantâneo, do rápido, do agora. Para o mundo, os dias são duros e áridos quando o nosso maior sonho não se realiza. Um dia atrás do outro, à procura de uma casa nova, de um trabalho que nos traga êxito e aplausos, de uma família à nossa medida. Quantas vezes não colocamos a nossa felicidade dependente de um acontecimento sobre o qual não temos qualquer tipo de controlo? É tão pouco viver assim, mas tão humano. Jesus bem o sabia quando disse aos discípulos (e também a nós): “Não vos inquieteis, dizendo: ‘Que havemos de comer? Que havemos de beber? Que havemos de vestir?’ Os pagãos é que se preocupam com todas estas coisas. Bem sabe o vosso Pai celeste que precisais de tudo isso. (…) Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, porque o dia de amanhã tratará das suas inquietações. A cada dia basta o seu cuidado (Mt 6, 31-34)”.

Mas como viver no meio da tribulação e desalento quando não temos aquilo que queremos quando queremos? A resposta é óbvia, mas tão difícil: esperança e confiança. Vejamos dois exemplos:

Isabel, a mãe de João Batista, foi mestra da esperança e com ela aprendemos que para Deus tudo tem o seu tempo: “E a tua parenta Isabel concebeu também um filho na sua velhice e este é o sexto mês daquela a quem chamavam estéril; porque a Deus nada é impossível”. Ela mostra-nos que, mesmo quando parece que não saímos do mesmo lugar, podemos estar a dar passos largos no nosso caminho para o Céu – porque o Senhor dá-nos o que precisamos. Se nos falta paciência, o Senhor ensina-nos a tê-la com esperança e sem desânimo, e lembra-nos que a Ele nada é impossível. C. S. Lewis dizia, de maneira muito simples, uma verdade incontornável: “Esperar ensina-nos a esperar”. Não quererá o Senhor ensinar-nos isto mesmo?

Dois mil anos depois, toda a vida de Chiara Petrillo fala-nos de confiança. Fala-nos de um total abandono à vontade de Deus, reconhecendo e aceitando tudo o que acontece, mesmo sem perceber o porquê. Mas sabe esperar pela resposta, confiando cegamente n’Aquele que tudo pode. Nas duas primeiras gravidezes, Chiara soube que os seus filhos nasceriam mas morreriam pouco depois. E, contudo, confiou e disse alegremente, como Maria, “sim!”. Santo Agostinho interrogava-se: “Como podem dizer que morreu, quem permanece tão vivo no meu coração?”, que é o mesmo que perguntar: “Como podemos perder a confiança, se Jesus nos deu a maior prova de amor quando morreu por nós na cruz?”. Não nos disse Ele: “Tende coragem! Eu venci o mundo!” (cf. Jo 16, 33)?

Intrínseca à esperança e à confiança é a oração. A oração não muda Deus, mas transforma o coração daquele que reza. Ajuda-nos a ver o extraordinário no ordinário e a perceber que a espera não é um mero intervalo monótono, mas um tempo e um lugar onde nos podemos purificar no dia a dia. Não devemos ser como Zacarias, mas devemos pedir com confiança e esperança. Por isso, se calhar devemos começar a nossa oração por pedir a graça de saber pedir. Isto porque, quando estamos há muito tempo a pedir por um sonho que não se concretiza, parece que o Senhor não nos ouve e caímos no desânimo. Nestas alturas mais difíceis, não devemos duvidar da presença de Deus, porque Ele está a trabalhar para o nosso bem. Vale a pena perguntarmo-nos, de vez em quando, se o que pedimos é plano de Deus ou capricho nosso. Isso também nos ajuda a pôr os pés na terra e o coração no Céu, para, a pouco e pouco, querermos o que Deus quer. Disse São João Paulo II: “Se eu entender a beleza do esperar, não terei pressa em adiantar os planos de Deus”.

Um desafio a que nos propomos diariamente e a que vos queremos desafiar também: viver com mais audácia o Evangelho, procurar imitar o Mestre, em todos os momentos da nossa vida. Temos um Mestre providente, que tudo nos dá, na medida das nossas necessidades. Temos um Deus que não satisfaz os nossos caprichos, mas a nossa alma, satisfaz as nossas necessidades para a eternidade, lugar onde gozaremos plenamente da verdadeira felicidade.

Esperar, esperar muito e bem!

Rita e António Luís Sottomayor

Foto de Tim Foster na Unsplash

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