Domingo VI da Páscoa – Ano B / Dia da Mãe
Qual é a verdadeira medida do amor? João, ao afirmar no Evangelho deste domingo que não há maior amor do que dar a vida pelos amigos, diz-nos que a verdadeira medida é dar a vida. Portanto, amar sem medida. Num momento em que tentamos quantificar tudo, João não faz cerimónias e proclama que amar é oferecer-se por inteiro, sem negociar nem tentar guardar algo para nós. Amar alguém é dar-lhe vida e a única forma de dar vida é dar a vida.
Contudo, convém ter atenção ao excesso de voluntarismo na forma como amamos. Amar Deus e ao próximo como a si mesmo implica viver numa relação espiritual com Deus, implica oração. Santa Teresa de Calcutá traça um itinerário interessante para quem tem problemas na oração, que deita alguma luz sobre a escola do amor, pois faz com que dêmos o salto da lógica da ação para a cultura do fruto. Diz-nos Teresa de Calcutá que há que começar por fazer silêncio, porque o fruto do silêncio é a oração; e o fruto da oração é a fé; e o fruto da fé é o amor; e o fruto do amor é o serviço; e o fruto do serviço é a paz. É percorrendo o trilho fecundo do fruto que vivemos no amor.
Este caminho que Santa Teresa de Calcutá nos ensina impede-nos de cair nos enganos da autossuficiência e do voluntarismo. Olhemos bem as tentações mais comuns dos nossos tempos: querermos ter paz de espírito sem servir; e servir sem amar; e amar a partir de nós mesmos, e não da relação a que se chega pela fé num Deus que ama; e ter fé sem rezar; e rezar sem entrarmos na nossa verdade mais íntima através do silêncio. Estes caminhos da paz através dos resultados impedem-nos de semear. Procuramos o produto e não o fruto, quando a paz não se encontra nas prateleiras do supermercado.
Se não semeamos, como podemos colher o fruto? Não se trata de magia, mas de sabedoria. De arriscar o processo e não procurar resultados imediatos.
Neste Dia da Mãe, apropriemo-nos da sabedoria da Mãe de Calcutá. Entremos neste itinerário do fruto, cuidando de Deus, de nós e dos outros. É desta forma que viveremos como ressuscitados com o Ressuscitado.
At 10, 25-26.34-35.44-48 / Slm 97 (98), 1-4 / 1 Jo 4, 7-10 ou 4, 11-16 / Jo 15, 9-17