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Educar para a humildade no feminino

A humildade desempenha um papel proeminente no Cristianismo, por isso, é imperativo tê-la em conta se quisermos estudar e compreender a fé cristã.

Numa época marcada por uma cultura de autopromoção, a humildade é uma virtude pouco popular, que vai caindo no esquecimento. É considerada uma fraqueza ou uma falha de caráter. Vai contra o impulso profundamente enraizado de negação da fragilidade, da imperfeição e da incompletude das nossas vidas. No nosso mundo orientado para o controlo e para a imagem, a humildade é frequentemente associada à ideia de passividade ou de deferência a figuras de poder.

A humildade evoca imagens de autodepreciação e até de cobardia. Enquadra-se in extremis numa mentalidade de renúncia do mundo que conduz à inação e à recusa de um envolvimento sério na luta pela justiça e pelo bem comum.

Trata-se de um mau emprego desta virtude, manchada por conotações negativas. Um exemplo flagrante desta interpretação errada é a suposição de que as mulheres humildes deveriam obedecer aos seus maridos, pais, irmãos, e/ou superiores, reconhecendo e aceitando um papel social inferior ao deles. Neste contexto, assumiriam uma posição de serviço e de submissão sem necessidades, desejos ou personalidade própria que exigiria a perda de noção do eu, do seu talento e da sua liberdade. Mas esta é uma ideia falsa de humildade.

Outro exemplo de deturpação da humildade é o comportamento de autossacrifício usado como estratégia para induzir no outro o sentimento de culpa, colocando-o em dívida. Usar a humildade como instrumento de manipulação é uma perversão grosseira dos valores cristãos. A humildade cristã não está relacionada com uma baixa autoestima ou com a autocomiseração sorumbática. Ela traz liberdade e amor aos seus destinatários, não traz culpa e ressentimento.

A verdadeira humildade, encontrada na vida e na obra dos primeiros monásticos, leva-nos a enaltecer o valor desta virtude tão antiga. Os monges encontraram na humildade o fundamento para criar relações de modéstia e de cordialidade, libertando-se da exigência de construir uma imagem social e de estabelecer relações de subserviência e de domínio.

A humildade não exige que uma mulher sacrifique tudo o que a define para se comprometer totalmente aos outros sem pensar na sua relação com Deus e consigo mesma. Ser um capacho e servir as necessidades, desejos e caprichos de outra pessoa que não é Deus não é sinónimo de humildade. A devoção de uma mulher aos outros deve fluir da sua identidade e da sua relação com Deus que abre caminho para o amor alegre, relacional, altruísta e estimulante.

A humildade cristã emerge da livre decisão de se entregar a Deus e aos outros. É uma qualidade expansiva e emancipadora que a liberta dos medos do ego e a desperta para a plena expressão da dignidade humana. Eduquemos para a humildade no feminino, não para a subserviência!

 

Betânia Ribeiro

Atualidade

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