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O futuro do berço da Humanidade e dos seus jovens

Neste mês em que se discute, no Vaticano, a situação atual dos jovens e das vocações, no âmbito do XV Sínodo dos Bispos, é pertinente olhar para o continente que, segundo as projeções, será, dentro de 32 anos, o mais jovem: África.

Neste momento, 70 por cento da população africana tem menos de 30 anos. Segundo o Banco Africano de Desenvolvimento, África será o continente com 38 dos 40 países com população mais jovem no mundo, em 2050. Isto resultará numa vaga de 10 a 12 milhões de jovens a integrar o mercado de trabalho a cada ano.

Dados do Anuário Estatístico da Igreja relativos a 2015, publicados em abril de 2017, revelam que o número de católicos continua a aumentar em África, chegando, há três anos, a um total de 222 milhões de crentes, o que representa 17,3% da população africana.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos afirma claramente que todas as crianças têm o direito à educação básica. A literacia permite que as pessoas consigam ler informação de caráter tão prático e corriqueiro como informação legal e governamental, instruções sobre a utilização de equipamentos e de bulas de fármacos e de químicos utilizados na agricultura, contribuindo para a melhoria dos níveis de saúde, o crescimento económico, o combate às alterações climáticas e para o aumento da longevidade populacional. Permite, ainda, que se saiba fazer contas, minimizando a possibilidade de se ser enganado nas transações comerciais. No entanto, em África, metade das crianças que abandonam a escola – 61 milhões, dos quais 49 milhões são raparigas – chegarão à adolescência com falhas graves de aprendizagem, limitando o seu futuro. Privar uma geração das oportunidades para desenvolver o seu potencial e escapar à pobreza está errado. É consentir que o futuro dessa geração de crianças e jovens seja vivido na pobreza, na insegurança e no desemprego.

No setor laboral, encontramos, neste momento, 90 milhões de jovens que lutam para encontrar empregos. É preocupante notar o ritmo a que os jovens instruídos estão a sair do continente à procura de melhores oportunidades de emprego. Muitos perdem as suas vidas no mar, como vemos nas notícias. Os que ficam em África aceitam trabalhos menos qualificados, algo que também acontece devido à desadequação da formação educativa em relação ao mercado de trabalho. Outros entram em esquemas de crime, tráfico e jogo. África, berço da Humanidade, tem os seus filhos encurralados numa lógica de pobreza, corrupção, desemprego jovem, xenofobia e má gestão dos recursos e das instituições estatais.

É necessário que a hemorragia de qualificações, talento e potencial humano causado pela crise educacional pare. Os países africanos devem diversificar o investimento económico, focando-se em fontes alternativas de crescimento e de criação de emprego, dando assim mais um passo em prol da inclusão social e da erradicação da pobreza. Através de boas políticas económicas e de emprego, os países africanos podem aproveitar o potencial dos jovens, travar a violência e inquietude dos seus cidadãos e construir sociedades mais inclusivas e prósperas, criando um ambiente sustentável e equitativo para todos. Neste campo, a educação das mulheres e das raparigas é de grande relevância. Ser pobre, viver no meio rural e ser mulher são três desvantagens notórias no continente africano.

A força de qualquer sociedade está na força e nas decisões tomadas em prol da sua juventude. Se os próprios jovens de África não se responsabilizarem por estes desafios, correrão o risco de outros países, organizações e instituições resolverem os problemas de África à sua maneira. Os jovens africanos devem conduzir a agenda económica e política do continente e não esperar por instruções ou indicações de outros países.

 

Betânia Ribeiro

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