No meio de tantas más notícias, de tantas guerras e destruições, de tantas fraudes e roubos, de tanta matança criminosa, de tanta criança explorada até no trabalho infantil, de tantas jovens raptadas para serem vendidas para a prostituição, de tanta violência doméstica, de milhões de pessoas a morrer à fome, de milhões de drogados, de milhões de refugiados, de milhões sem casa, sem cama, sem água, sem amor, sem pão, sem esperança, onde está Deus e o seu amor?
Onde está a justiça, a fraternidade, o crescimento da partilha, da verdade, do amor repartido? Onde estão os governos que devem proteger os mais pobres e carenciados? Onde estão as leis que defendem a vida? Onde estão os construtores de um mundo mais fraterno, mais justo, mais pacífico?
Porque se gastam milhões de euros em armas nucleares que são ameaça para a humanidade? Porque há países interessados em que as guerras não acabem para poder vender armas e enriquecer à custa dos que morrem?
A alma do mundo está doente, o coração do mundo está doente. Basta de corrupção, basta de guerras, basta de gente inocente a morrer à fome, basta de ricos a serem cada vez mais ricos, basta de tanta podridão e morte, de tanta ganância e exploração, de tanta fraude e corrupção.
Mas o Ressuscitado está Vivo e presente, anda aí em tudo e em todos, querendo conduzir corações e vidas à paz e à justiça. O amor de Deus está nos corações dos que pobres e humildes se abrem a Ele e à sua graça. O Ressuscitado já está Vivo e continua em cada pobre, em cada doente, em cada marginal, em cada refugiado, em cada preso, em cada homem e mulher. Está Vivo e presente na sua Palavra que deve iluminar nossos corações e nossos caminhos, presente na Eucaristia que é escola de caridade, de amor e de dom, e se deve preparar em humildade de lava-pés. Continua presente em tanta gente boa, simples, com gestos de partilha, que defende a vida e que quer crescer no amor mútuo. Continua presente na Mãe Igreja, que, apesar de ser composta de homens e mulheres pecadores, é santa, é Esposa de Cristo, é Mãe dos batizados e quer espalhar o bem, o amor, o serviço, a dedicação, a defesa da vida, da família, quer ser esperança para os jovens, para os que sofrem, para os injustiçados, pois Jesus está Vivo e é Amor, é fonte de Vida e de esperança.
Não podemos desistir de amar e de espalhar o bem. Não podemos cruzar os braços perante tanto mal. Não podemos perder a esperança e entrar em angústia. Não podemos deixar-nos ir na corrente que destrói a esperança e amordaça os gritos que clamam justiça e pão, paz e amor.
O Ressuscitado está connosco, está em nós, está nos outros. Temos de O descobrir na oração e na vida, temos de O dar a conhecer aos outros para que encontrem amor e paz, consolação e graça, pão e justiça, para que sintam alegria em viver. Temos a vocação de sermos sementes de esperança, sentinelas do amor, fermento de vida, luz para os outros.
Não podemos calar-nos. Não podemos deixar de gritar, unidos ao clamor dos pobres e desprotegidos que clamam justiça. Se na partilha de bens, o pouco de muitos e suficiente para bastantes, na partilha da alegria e do amor podemos animar corações e semear a esperança. Podemos sempre rezar, rezar, rezar. E a partir da oração nos lançarmos numa ação apostólica e num clamor de amor à vida, ao amor, à verdade.
Dário Pedroso, sj