As teorias sobre como educar uma criança multiplicam-se. Há manuais para quase tudo, desde o nascimento até, pelo menos, à adolescência. Mas, mesmo assim, para muitos pais, se não a maioria, educar um filho representa o maior desafio das suas vidas, porque cada criança é única e requer um cuidado e um acompanhamento próprios, muitas vezes bem diferentes daqueles que constam nos livros.
As mães, em particular, costumam ouvir todo o tipo de conselhos, quase sempre vindos das gerações mais velhas e supostamente mais sábias. Mas nas horas difíceis, perante comportamentos, dificuldades, medos e ansiedades, as melhores orientações são ditadas pelo instinto maternal. Só as mães têm o dom de conhecer verdadeiramente os filhos, de os amar incondicionalmente, de os pressentir mesmo nas ausências e, por isso, são sabedoras da melhor forma de os educar. Obviamente, com o apoio do pai, uma figura insubstituível e de referência na vivência e no crescimento de qualquer criança.
Johann Goethe dizia que «a melhor forma de ensinar uma criança a amar é amando-a». Sem dúvida. E a melhor forma de educar uma criança é também amando-a, dedicando-lhe tempo, carinho e compreensão. Sem perder a razão. O amor não pode impedir de ver os erros e os defeitos e de os corrigir devida e atempadamente. Mas é de amor e da presença afectiva e efectiva dos pais que os filhos precisam para crescerem harmoniosamente.
Numa das suas catequeses dedicadas à família, o Papa Francisco sustentava que os pais devem «implicar-se plenamente na educação dos filhos» e que «é difícil para os pais educarem os filhos quando só os vêem ao fim do dia e voltam a casa cansados».
Esta é precisamente uma das maiores questões que se coloca às famílias nos dias de hoje. Falta de tempo de qualidade em família, com prejuízos maiores para as crianças, que tantas vezes se tornam irrequietas, tristes, revoltadas, simplesmente como forma de reivindicarem mais atenção das pessoas de quem mais gostam e que são a sua âncora. Para educar é preciso também estar disponível, presente.
A este propósito, o Papa lamenta que «agora ninguém tenha tempo para falar, reflectir e debater», pois «muitos pais estão sequestrados pelo trabalho e outras preocupações, sobrecarregados pelas novas exigências dos filhos e da complexidade da vida actual, ficando paralisados quando é preciso agir».
Francisco critica ainda os «chamados peritos que sabem tudo» e que acham que os pais devem apenas «ouvir, aprender e adaptar-se», «privando-os do seu papel» e «tornando-os excessivamente apreensivos e possessivos com os filhos, até chegarem ao ponto de nunca os corrigirem».
Os pais são insubstituíveis. As creches e as escolas, por exemplo, têm um papel importante, mas bem distinto – ensinar. E devem restringir-se a esta função, de modo a não se tornarem espaços desvirtuados e de conflito, como em tantos casos já acontece.
O Papa considera que «se a educação familiar recuperar o protagonismo, muitas coisas vão melhorar» e que os pais devem «regressar do exílio» para se implicarem plenamente na educação dos filhos, sem os «exasperar, nem os desanimar».
Na verdade, o que as crianças precisam é de ser educadas com amor. Em primeiro lugar e sempre dos pais, pois só eles podem amar e educar como ninguém.
Elisabete Carvalho