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A vida é peregrinação

Acabei de fazer uma peregrinação a Fátima, com mais 200 peregrinos. Peregrinação com muita oração, reflexão, tempos de silêncio. Peregrinação com muita graça de Deus, muitas conversões, muitas descobertas do amor de Deus e da Mãe. Quanta graça, quanta chuva de graças, apesar do imenso calor durante os seis dias. Passo a passo, caminhando em grupo, partimos de Lisboa para Fátima. A Senhora ia connosco, a Mãe nunca nos larga, pega-nos ao colo, leva-nos no regaço, caminha connosco. Daí tanta graça, tanta conversão, tanta descoberta do amor de Deus.

Missa diária, tempo de meditação, muitos terços ao longo do dia, muita partilha. Somos uma família variada em idade, cultura, formação, caminhada de fé, situação social; mas somos família que peregrina, com Maria, a Mãe peregrina. Alguns, quando começam a peregrinação, nem sabem rezar, mas depois, passo a passo, ouvindo os outros, reflectindo, caminhando em tempos de silêncio, abrem-se à graça. No final, felizes e alegres, sentem que rezam vários terços por dia. Outros, que integraram a peregrinação sem um motivo espiritual, só para cumprir uma promessa, são “agarrados” por Deus, acabam desejando confessar-se e comungar. Às vezes há “uma primeira comunhão” em festa de peregrinos, em celebração eucarística.

É maravilhoso sentir a acção de Deus e da graça em muitos momentos de comunhão e de oração, em lágrimas alegres que se choram, em cansaços e dores que se oferecem, em desejos de conversão que se vivem. Quantas maravilhas da graça. Quantos desejos santos. Quantos terços rezados, meditados, cantados. Quantas interpelações de Deus e da Senhora. Sem dúvida mais, muitas mais que as bolhas nos pés ou as dores nos músculos, ou dificuldades vindas do calor às vezes bem intenso. Que belo é ver a multidão dos 200 peregrinos caminhando passo a passo, unidos na fé e na comunhão, cantando e rezando, partilhando, rindo e sentindo a alegria de Deus.

Como sacerdote, aprendo muito com estes amigos e irmãos peregrinos. Dão-me muitas lições de fé, de espírito de sacrifício, de serviço, de muita oração. Há muitos que caminham com grandes sofrimentos humanos e espirituais, com provações grandes de vida. Mas não desistem. E eu lá vou caminhando e atendendo, confessando uns ou conversando e ouvindo outros. Há diálogos maravilhosos, partilhas de vida, súplicas, desejos de conversão. Já caminho com eles há 16 anos.

E, depois, cada dia 13 de todos os meses, os que podem juntam-se no Estoril para rezar, para celebrar a eucaristia, para se verem, contarem peripécias da graça e do amor de Deus. Rever rostos, partilhar oração, renovar forças. E a Mãe vai ajudando e estando presente. Ela continua a fazer milagres e a encaminhar-nos para Jesus. Só isso importa. Ele, sempre Ele, como tesouro da vida e companheiro de caminhada. É com esta dimensão que se peregrina.

A vida não é outra coisa senão uma peregrinação. A que fazemos a pé a Fátima ajuda-nos a pensar na caminhada para o Céu, na peregrinação para a Casa do Pai. E levamos o mundo connosco: doentes, igreja, pecadores, vocações, etc. Tudo e todos no nosso peregrinar, colocando todos no Coração da Mãe.

 

Dário Pedroso, sj

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